22 outubro 2023

Uma dose de sutileza

Levantei e fiz um café. Era segunda-feira e eu precisava de energia. Não o adocei para não sair da dieta. Café sem açúcar também parece despertar mais. O amargo exerce algum efeito inexplicável sobre o cérebro que me deixa mais aceso. Sei lá. Pode ser impressão. Ou não.

Abri o site do Uol e li que o dia não ia ser fácil. Corri à janela para ver o que a manhã me reservava. Tem dias que são assim pesados. Sem nexo. Grudentos. Cobram o que não podemos dar. Um passo reservado ao fim do abismo.

Quem sabe nos preparamos para o impossível? Um abraço apertado num pensamento enviesado. E o sol que nos abandonou faz tempos. Ainda bem que cheguei no horário marcado. Um ponto pra mim. O primeiro deles.

Pois esses pontos vão acontecendo durante o dia todo. Assim vamos reunindo pequenos feixes de luz ao longo do percurso para enfrentar o oceano de escuridão.

Como uma flor que desabrocha. O processo é lento. Cada pétala se abre num jardim que não dá a mínima para esse espetáculo. Mas não importa, porque esse espetáculo é individual. Cada flor faz o seu. O jardim fica melhor. Mais vivo. Mais colorido. Reunindo um monte de flores que desabrocharam individualmente e que agora compõem o todo do jardim.

Esses feixes de luz, que vão se acumulando, são o combustível para que se forme a beleza do jardim. Como se fôssemos nos iluminando ao longo do dia para que no final desse tudo certo. E o dia desponta transformando-se num quintal convidativo, mesmo impregnado de ervas daninhas, que acabam caindo no esquecimento.

O que fica na memória é o perfume e as cores de uma flor viva e recém-chegada. Que ilumina por completo o jardim.

Era segunda-feira e tudo que eu precisava era de um café bem forte, sem açúcar, e de uma dose extra de sutileza para acreditar.

Você me entende?

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