Uma agressão gratuita.
Ele queria saber o porquê de eu não pontuar meus poemas. Um questionamento quase coercivo. No momento fiquei estarrecido. A pergunta é tão básica que qualquer aluno de ensino médio que tenha estudado o Modernismo, a Semana de 22 e os movimentos literários posteriores saberia esclarecer essa indagação. Enfim. Tentei expor o meu entendimento.
Mas o que me traz aqui não é essa questão. É a minha exposição e o esclarecimento de um suposto erro de português.
Pois bem.
Em determinado momento da conversa, nos comentários do Facebook, eu escrevi "tu precisa estudar mais", ironicamente, como forma de rebater os insultos que ele vinha me direcionando. Ele pegou esse print e postou no perfil dele.
"Tu precisa". Será que é um erro mesmo? Vamos ver.
Segundo a Gramática Normativa, sim, está incorreto. O correto é "tu precisas", com a desinência "s" no final indicando que o verbo está na segunda pessoa do singular.
Até aí, tudo bem. Confesso meu erro, conforme a Gramática Normativa.
Mas nos estudos da Linguística existe algo que se chama variação linguística. Trata-se de "um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendido por intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.", conforme Luciana Castro Alves Perez no site Português.
Voltando ao caso retratado, "tu precisa" é, dentro do conceito de variação linguística, uma forma aceita no uso informal da língua na região sul do país, da qual faço parte, e mais timidamente no litoral de São Paulo, onde morei por 10 anos.
"Tu precisa", "tu vai", "tu é" são formas perfeitamente aceitas, conforme a Gramática Descritiva, repito, no sul do país, num ambiente informal de uso da língua.
Como em espaço de comentários do Facebook, por exemplo, em que língua falada e escrita fundem-se no famoso "escrever como se fala".
Dito isso, o que se passou foi mais um caso execrável de preconceito linguístico, que deve, de todo modo, ser extirpado do nosso dia a dia, levando informação de qualidade aos pseudoguardiões da língua portuguesa.
E para finalizar deixo a citação do Professor Marcos Bagno sobre preconceito linguístico: "como todo preconceito, o linguístico é a manifestação, de fato, de um preconceito social, porque o que está em jogo não é a língua que a pessoa fala, mas a própria pessoa como ser social."
Como vocês podem ver eu errei, mas acertei, conforme o ponto de vista do qual se está olhando. O que não podemos errar é no preconceito, esse só o conhecimento pode eliminar.
Ele queria saber o porquê de eu não pontuar meus poemas. Um questionamento quase coercivo. No momento fiquei estarrecido. A pergunta é tão básica que qualquer aluno de ensino médio que tenha estudado o Modernismo, a Semana de 22 e os movimentos literários posteriores saberia esclarecer essa indagação. Enfim. Tentei expor o meu entendimento.
Mas o que me traz aqui não é essa questão. É a minha exposição e o esclarecimento de um suposto erro de português.
Pois bem.
Em determinado momento da conversa, nos comentários do Facebook, eu escrevi "tu precisa estudar mais", ironicamente, como forma de rebater os insultos que ele vinha me direcionando. Ele pegou esse print e postou no perfil dele.
"Tu precisa". Será que é um erro mesmo? Vamos ver.
Segundo a Gramática Normativa, sim, está incorreto. O correto é "tu precisas", com a desinência "s" no final indicando que o verbo está na segunda pessoa do singular.
Até aí, tudo bem. Confesso meu erro, conforme a Gramática Normativa.
Mas nos estudos da Linguística existe algo que se chama variação linguística. Trata-se de "um fenômeno que acontece com a língua e pode ser compreendido por intermédio das variações históricas e regionais. Em um mesmo país, com um único idioma oficial, a língua pode sofrer diversas alterações feitas por seus falantes. Como não é um sistema fechado e imutável, a língua portuguesa ganha diferentes nuances. O português que é falado no Nordeste do Brasil pode ser diferente do português falado no Sul do país. Claro que um idioma nos une, mas as variações podem ser consideráveis e justificadas de acordo com a comunidade na qual se manifesta.", conforme Luciana Castro Alves Perez no site Português.
Voltando ao caso retratado, "tu precisa" é, dentro do conceito de variação linguística, uma forma aceita no uso informal da língua na região sul do país, da qual faço parte, e mais timidamente no litoral de São Paulo, onde morei por 10 anos.
"Tu precisa", "tu vai", "tu é" são formas perfeitamente aceitas, conforme a Gramática Descritiva, repito, no sul do país, num ambiente informal de uso da língua.
Como em espaço de comentários do Facebook, por exemplo, em que língua falada e escrita fundem-se no famoso "escrever como se fala".
Dito isso, o que se passou foi mais um caso execrável de preconceito linguístico, que deve, de todo modo, ser extirpado do nosso dia a dia, levando informação de qualidade aos pseudoguardiões da língua portuguesa.
E para finalizar deixo a citação do Professor Marcos Bagno sobre preconceito linguístico: "como todo preconceito, o linguístico é a manifestação, de fato, de um preconceito social, porque o que está em jogo não é a língua que a pessoa fala, mas a própria pessoa como ser social."
Como vocês podem ver eu errei, mas acertei, conforme o ponto de vista do qual se está olhando. O que não podemos errar é no preconceito, esse só o conhecimento pode eliminar.
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